Não chegar onde desejamos, mas nunca esquecer da potência do existir com
Abaixo descrevo o processo prático-artístico que resultou na minha monografia.
É neste quadro de setembro de 2020 que o balão aparece pela primeira vez na minha prática artística.
Texto que escrevi na época em que fiz o trabalho:
O trabalho "Previsibilidade aleatória: a respiração" é o resultado mais recente do que tenho pesquisado em artes visuais. Abaixo tem um resumo do que venho pesquisando:
Minha pesquisa em artes visuais tem como ponto central investigar as relações e questionamentos que podem ser construídos dentro da área de artes visuais com a teoria da complexidade de Edgar Morin. Dentro disso, cultivo proposições topológicas que exploram o uso das formas, pensando topologia, (não necessariamente espaços topológicos, mas a ideia de topologia que se baseia na continuidade) juntamente à relação que é construída com o outro, aquele que interage com a proposição de modo a ressignificar e extrapolar as ideias neoconcretistas.
(Clique na imagem para mais detalhes sobre a proposição)
Previsibilidade aleatória: a respiração
Tinta acrílica, massa acrílica, lixa e balão sobre tela
100 x 100 cm
2020
Nesta fotografia de dezembro de 2021, começo a pensar de maneira mais organizada o balão como um corpo, o qual damos vida ao enchê-lo de saliva.
Texto que escrevi na época em que fiz o trabalho:
Encha um balão
Pegue um vaso cheio de terra
Plante o balão
Veja ele morrer
Como você coexiste?
Fotografia digital
Vaso, terra e balão
40 x 58 cm
2020
Neste trabalho de fevereiro de 2021, trago o balão novamente ao quadro, mas começo a pensar em retirar o chassi e meu trabalho começa a ganhar mais tridimensionalidade e se desvincular da forma quadro.
Texto que escrevi na época em que fiz o trabalho:
O quão coexistente você se sente agora? Eu nem sei se é quão, mas talvez onde. Eu tenho me sentindo coexistente com a grama, que sempre está ali, às vezes é pisada, toma um sol, uma chuva. A grama não é exterior à mim, ela é parte de mim e sinto que minha conexão me permite coexistir, sem reprimir.
Essa proposição é apenas um registro, ela precisa do agente transformador (as pessoas), as imagens são só um devaneio das possibilidades de cores, não considerando a ausência de um balão ou a presença de mais de um, muito menos as variações de tamanhos.
(aqui escrevo sobre como imagino esse trabalho exposto) Há balões coloridos em uma caixa no chão e você pode escolher a cor(es) de balão(ões) que quer para substituir o balão atual. Você pode apenas olhar, encher, não encher, encher um tiquinho, encher até estourar... Sua saliva, suas excreções, o ar respirado, nosso esforço, nossa falência, a silver tape, o balão. O quão coexistente você se sente agora?
(Clique na imagem para mais detalhes sobre a proposição)
Deu errado (?) mas eu consertei com silver tape e saliva
Acrílica, balões e silver tape
100 x 100 cm
2021
Nesta instalação de março de 2021, os balões aparecem de forma mais evidentes como corpos passíveis de transformação pelo ar e nossos fluidos corporais.
Texto que escrevi na época em que fiz o trabalho:
O balão pode ser antinatural,
mas ele bem que
se
assemelha a uma planta.
Ele se expande com nossas excreções
e
se alimento do
nosso tempo,
respirando
o ar que
não respiramos
(Clique na imagem para mais detalhes sobre a proposição)
Coexistir ou morrer?
Balões, saliva, ímas de neodímio, fita silver tape, álcool em gel, tesoura, bisturi, régua, vidro, caixa de acrílico, pegador de madeira.
Dimensões variáveis
2021
Durante a realização do artigo para meu trabalho final, esta proposição estava junto à Até Estourar e Membranas Evidenciadoras. Porém, resolvi que o artigo seria melhor explorado se eu mantivesse apenas as proposições que envolviam balões.
A proposição O que vamos fazer? consiste na produção de cartazes impressos em papel offset 75g/m2, no tamanho A3 (29,7 x 42 cm) e A4 (21 x 29,7), que estão sendo espalhados pela cidade de Curitiba desde junho de 2021. Até a data de 09 de dezembro de 2021 foram colocados cartazes em duas árvores na Praça Santos Andrade e na Praça Padre Albino Vico; no mural do edifício Dom Pedro II no campus Reitoria da UFPR; em um banco na Praça Osório e em um banco na rua XV; na Tuboteca do tudo Pinheirinho na Praça Rui Barbosa.
(Clique na imagem para mais detalhes sobre a proposição)
O que vamos fazer?
29,7 x 42 cm
impressão em offset 75g/m²
2021
A ideia de enviar cartões-postais como proposição se desenvolveu justamente no contexto da pandemia de Covid-19, no início de 2021, como maneira de produzir propostas relacionais sem sair de casa. Além disso, traz mais uma camada para o meu trabalho, pois torna o espaço íntimo mais aparente em minha poética, em que percebo que uma das maneiras de lidar com o conceito operatório que proponho (coexistencializar) e a arte contemporânea é através do resgate de ações singulares, em contato direto com o outro, assumindo papel de fenomenólogo nas proposições de maneira que é necessária uma coexistencialização para que a proposta exista.
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Até estourar
10,8 x 14,8 cm
Balões vermelhos e impressão em couchê fosco 250g/m2
2021 - 2022
A proposta “Membranas Evidenciadoras” possui caráter de evidenciação, ao passo que os balões enchidos por mim, em meu quarto, e depois jogados pela janela, mostram a relação do espaço íntimo e do espaço coletivo de maneira a não os separar, mas integrá-los visualmente e sensorialmente. Ao jogar para a rua balões com fluidos, penso na dupla relação coexistencial, pois ao mesmo tempo em que meus fluidos estão dentro do balão, evidenciados por uma membrana e coexistindo com o ar da rua e o ar da minha casa, também estão coexistindo com meus próprios fluidos, já que estou respirando dentro de casa. Quando os balões foram jogados pela janela, muitas pessoas interagiram. Algumas chutaram, brincaram, outras estouraram, outras ficaram olhando pela janela de seus apartamentos e algumas crianças pegaram os balões para levarem consigo.
(Clique na imagem para mais detalhes sobre a proposição)
Membranas evidenciadoras
Balões e fluidos corporais
2022