Balões e fluidos corporais
2022
Trabalho parte do projeto "Não chegar onde desejamos, mas nunca esquecer da potência do sentir com"
A proposta Membranas Evidenciadoras consistiu em encher aproximadamente 300 balões (o número de balões foi considerado para ocupar um quarto de aproximadamente 16m2) que depois foram jogados pela janela do meu quarto que fica no sétimo andar de um prédio no centro de Curitiba.
Quando enchemos um balão com nossas excreções, estamos trazendo essa coisa à vida, fornecendo dimensão sensorial para essa coisa de maneira que possamos interagir com ela e que ela se torne evidente, seja coexistencializada. Ademais, para uma coisa poder ser coexistencializada não basta percebê-la como objeto, mas perceber com ela de maneira que se configure como hecceidade: “Estas hecceidades não são o que nós percebemos, já que no mundo do espaço fluído não há objetos de percepção. Elas são, ao contrário, aquilo com que percebemos.” (INGOLD, p.143, 2015). O conceito hecceidades, na perspectiva de Deluze e Guattari é uma individuação diferente de todas as outras, uma individuação sem sujeito onde tudo “é relação de movimento e de repouso entre moléculas ou partículas, poder de afetar e ser afetado.” (DELEUZE; GUATTARI, p. 47, 2012b). Assim sendo, para coexistencializar é necessário perceber com hecceidades, ou seja, perceber com o movimento de maneira que essa percepção é sensorial. Encher balões com nossas partículas excretadas são uma maneira de perceber com movimento.