Trabalho em processo
Trabalho sendo desenvolvido juntamente ao Grupo de criações colaborativas quandonde e Espaço Psi.Encena.
Até o momento foi realizado um postal (10 x 15cm) com uma fotografia na frente com acabamento em laminação fosca e um texto no verso.
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Dia 10/09/2022 eu mexi na terra e ela mexeu comigo. Foi um contato muito intenso, eu vi sentido na vida, coisa que muitas vezes não acontece. Afinal, há sentido ou há sentidos? Seria uma espécie de maneira de se guiar pelos sentidos? Ouvir, tocar, ver, saborear, se afetar.
A terra me disse que eu precisava brincar, brincar de me conectar, sentir, buscar. Ela me disse para lutar, não cair em metodologias producentes de mentes alienadas. Mas eu ainda não descobri como.
Pachamama, nossa mãe terra, sempre está comigo. Na verdade, é ela que nos mantém vivos (mesmo quando nos sentimos um pouco mortos por dentro). Por que não a percebemos? Eu diria que a resposta está nas preocupações em atingir ideais de consumo. Comprar um carro, comprar uma casa, comprar uma experiência. Tudo se capitalizou, até nossos desejos. Como escapar desse imenso véu que nos tapa? Como?
Para mim foram precisos mais de 500 km de distância. Eu já estava em um processo de renascer meus sentidos, mas o processo de deslocamento espacial arrancou os algodões de dentro dos meus ouvidos e as luvas das minhas mãos. Ainda estou muito vestida em ilusões, mas continuo me despindo com muita dor. Cada vez que eu não me reconheço, eu preciso me reconstruir da mesma maneira que um pouco de argila volta a não ter forma quando não se configura mais como vaso. O que restou, senão a argila que pode ser qualquer coisa?
Eu cheguei em um apartamento com uma jabuticabeira quase morrendo e precisei mexer na terra. Foi neste ato que senti uma força. A força da mãe terra. Como a gravidade, ela estava ali. Eu paro e sinto a gravidade não me deixar flutuar, como a terra.
Proponho que toquemos na terra com o corpo, com as partes do corpo que pudermos. O que você sente quando toca na terra, ela te toca de novo?